sábado, 29 de dezembro de 2012

a lembrança é a armadilha mais ingênua e bonita
armadilha sim, pois faz lembrar de um tempo que jamais volta.
lembro do seu sorriso e de como você me falava da vida, naquele momento eu estava te amando...
Hoje, voltando para casa, percebi minha sombra caminhando junto a mim e, conforme a intensidade da luz aumentava, elas iam se multiplicando, formando várias silhuetas minhas pregadas ao chão. À medida em que eu caminhava, algumas dessas silhuetas iam desaparecendo, perdendo sua intensidade e, quanto mais rápido eu fazia isso, mais rápido elas desapareciam. Nesse momento, então, me lembrei que quando eu tinha uns 10 anos a menos do que tenho hoje, imaginava que se conseguisse correr muuuuuito rápido, as sombras se desprenderiam do chão e começariam a voar e dançar no céu contemplando sua liberdade, nesse mesmo instante eu me percebi começando a correr, mas uma parte de mim censurou essa ação me fazendo lembrar que aquelas sombras que agora eu via no chão já tinham se tornado sombras de uma pessoa grande.
Esses dias eu estava conversando com um amigo que criticava duramente a opção de algumas pessoas pelo não consumo de carne. Ele argumentava que esses animais abatidos já nasciam destinados à morte e que, portanto, a vida deles tinha uma única utilidade: nos servir. Comecei a pensar, então, nos seres humanos e minha cabeça foi um pouco longe imaginando uma indústria de carne humana que servia exatamente para esse mesmo fim. Pessoas nasciam, eram confinadas em espaços minúsculos, não recebiam qualquer estímulo educativo, viviam nas condições mais animalizadas e tinham como única função a reprodução para o abate. Diversas organizações pelos direitos humanos faziam fóruns e militâncias, alguns tentando liquidar os abatedouros humanos, outros, instaurar uma política de “morte humanizada” para evitar possíveis sofrimentos desnecessários. Mas havia também uma leva muito grande da população que afirmava que aquelas pessoas não possuíam sentimento, não pensavam como gente normal e não tinham a mesma capacidade das outras.

Não tenho a intenção de personificar animais, nem zoomorfizar pessoas, mas confesso que não consegui achar muitas diferenças entre essas duas indústrias de carne (uma verdadeira e bem cotidiana e a outra somente imaginada). A única crítica que me atrevo a fazer é sobre o tipo de argumentação que a gente, às vezes, usa para defender certos pontos que nos são mais favoráveis . Cuidado, companheiro!
São Paulo é um grande abismo que trabalha contínua e gradualmente pela acomodação do nosso olhar. Passar pelas ruas e ver pessoas pedindo esmola, dormindo no chão, passando fome, sem tomar banho, ver crianças brincando com a água suja da chuva – sempre ácida – é tão comum que chega a dar medo, ou melhor, chega a ser quase irrelevante. É fácil entender porque alguém do interior que vem para cá costuma ficar tão horrorizado e dizer que detesta essa cidade. Além da poluição e trânsito, já nos acostumamos a ver a máxima da ostentação ao lado da tristeza da miséria, isso não nos assusta mais, aliás, dificilmente causa algum impacto. O problema é que na medida em que não fazemos nada contra, estamos sendo coniventes a isso. E, talvez, a maior contradição seja a buscar por entender as situações de guerras passadas percebendo que historicamente a posição de submissão de algumas pessoas em relação a outras não muda, o Brasil continua o mesmo e nós temos a vaga sensação de que, com a abolição dos escravos, os acordos de paz entre nações, o desenvolvimento da economia e outros apesctos, estamos nos tornando melhores. Continuamos os mesmos, só que agora mais globalizados.
Porque é necessário aceitar o tipo de felicidade que cada um busca aqui.
Há pessoas que são muito felizes quando cultivam a vaidade do corpo e do dinheiro.
Há pessoas que são muito felizes quando cultivam a essência da mente, dos pensamentos.
Há pessoas que misturam os dois cultivos acima.
Não devo criticar a busca de cada um, muito embora eu já tenha feito isso. Às vezes quando se quer muito ser mente aberta, a mesma mente acaba se fechando nessa pequena extensão de abertura forçada. Certa vez ouvi um ditado muito bom que dizia mais ou menos assim: “Cuidado, o mundo é redondo. Aquele que tentou muito ir pela esquerda, acabou chegando na direita”
As pessoas sofrem, têm momentos de perda, de dor, de tristeza, de falta de ânimo. É preciso saber conviver com isso e não sentir vergonha. Jamais sentir vergonha de chorar a tristeza! Aqui nos ensinam que chorar pela tristeza é uma ação feia, já que enquanto você está chorando escondido, outra pessoa esfrega uma felicidade muitas vezes falsa para que você se sinta pior, te mostram uma felicidade montada, que foi feita para outras pessoas assistirem. Nessas horas valorizo com toda o meu amor a sinceridade e as pessoas sinceras com elas mesmas. Como diria uma grande amiga: como é infeliz aquele que finge ser feliz!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

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AUGUSTO DE CAMPOS