sábado, 29 de dezembro de 2012

São Paulo é um grande abismo que trabalha contínua e gradualmente pela acomodação do nosso olhar. Passar pelas ruas e ver pessoas pedindo esmola, dormindo no chão, passando fome, sem tomar banho, ver crianças brincando com a água suja da chuva – sempre ácida – é tão comum que chega a dar medo, ou melhor, chega a ser quase irrelevante. É fácil entender porque alguém do interior que vem para cá costuma ficar tão horrorizado e dizer que detesta essa cidade. Além da poluição e trânsito, já nos acostumamos a ver a máxima da ostentação ao lado da tristeza da miséria, isso não nos assusta mais, aliás, dificilmente causa algum impacto. O problema é que na medida em que não fazemos nada contra, estamos sendo coniventes a isso. E, talvez, a maior contradição seja a buscar por entender as situações de guerras passadas percebendo que historicamente a posição de submissão de algumas pessoas em relação a outras não muda, o Brasil continua o mesmo e nós temos a vaga sensação de que, com a abolição dos escravos, os acordos de paz entre nações, o desenvolvimento da economia e outros apesctos, estamos nos tornando melhores. Continuamos os mesmos, só que agora mais globalizados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário